Comprometidos com a valorização da política, da democracia e da compreensão das necessidades e demandas da sociedade brasileira José Carlos Kizumba, Thiago Ferreira e Mailson Ramos, blogueiros e produtores de conteúdo, uniram seus sites com o intuito de entrevistar os candidatos aos cargos eletivos para o governo do Estado da Bahia, ao senado e a deputado estadual e federal. Foram enviadas perguntas para as assessorias de todos os partidos em disputa e as respostas serão gradativamente publicadas até o dia da eleição.
O Blog do Kizumba, Pitacos do Manuca e Opinião & Contexto por suas características análogas em relação à publicação de artigos dos seus criadores e administradores resolveram criar uma rede de integração para divulgar as entrevistas e futuramente amplificar o relacionamento dos sites e das propostas de seus idealizadores. A Rede Blogs está no ar, tendo como principal objetivo democratizar o espaço de divulgação de propostas de todos os candidatos baianos, sem discriminação e com garantia de mesmo espaço para todos e, assim também contribuir para o eleitorado se informar e fazer a escolha que lhe for conveniente.
Seguimos em frente discutindo as demandas da sociedade brasileira e desempenhando, mesmo que em pequenas proporções, o nosso dever de cidadania.
1. Quais os pontos positivos e negativos, a senhora
destacaria dos 8 anos de governo Wagner?
Positivos- No primeiro mandato, destaco o aumento
do número de empregos formais. São bons em comunicação, souberam propagar muito
bem um governo, que gerou pouco desenvolvimento para a Bahia.
Negativos- Falta de estrutura na segurança pública,
com aumento considerável da violência. Falta de investimento na cultura, de
revitalização dos pontos de cultura; falta de programas sociais relevantes para
a população jovem; falta de projetos no sistema de proteção integral de
crianças e adolescentes. Péssimo sistema de saúde pública. Educação, sem
avanços, linear. O Topa, dissociado da realidade entre os números apresentados
pelo governo e pelo MEC. Incapacidade em negociar nos momentos de crise,
greves, com as categorias da educação e da Polícia Militar, além de não cumprir
acordos com as mesmas. A maioria das obras existentes no estado tem o carimbo
do Governo Federal.
2. Como a senhora avalia a política de cultura no
estado, sobretudo ligado ao audiovisual? Como o seu mandato pode contribuir
para ampliar a produção e acesso a bens culturais, e o reconhecimento da
cultura como modo de vida?
Em relação ao audiovisual, houve uma expansão do
cinema baiano, através da parceria com o Programa Brasil de Todas as Telas;
foram lançados editais da Agência Nacional do Cinema (Ancine), em parceria com
o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia – Irdeb/Secretaria de
Comunicação da Bahia e com a Fundação Gregório de Mattos/Prefeitura de
Salvador, para fomento da produção audiovisual baiana na televisão. Houve
investimentos para o estado e para o município.
Nossa Bahia é pátria da diversidade cultural, uma
das mais ricas do Brasil, com grande acervo de obras, mas avalio que sua
história ainda é pouco conhecida pela população baiana. Quanto ao acesso aos
bens culturais, houve pouco investimento, pouco estímulo para a população
interagir como agenda cultural. A história e a cultura do povo negro precisam
ser revitalizadas, com identidade e representatividade, precisam ser contadas
nos livros, precisam ser contadas aos alunos, ao povo, nas praças, essa é a
nossa história.
Pontos de leituras, bibliotecas aliadas ao investimento cultural
inexistem. Existem pautas com visitas aos museus? Pontos de cultura? Que tal
revitalização de praças em todos os bairros, aliada ao esporte? Praças com
contadores de nossa história? Com artes e poesias? Som de violão e atabaques?
Com pinturas e acrobacias? Temos muito a ressignificar a cultura do nosso
estado e proporcionar lazer e mais qualidade de vida à população.
3. As relações partidárias costumam ser
previsíveis, com partidos de oposição votando contra o Governo e os de situação
votando a favor, mesmo que determinado voto contradiga a história política do
parlamentar. A senhora pretende agir com independência ou seguir a orientação
partidária nas votações? Qual o limite da sua autonomia em relação ao seu
partido?
Me identifico com a Nova Política, com uma visão de
mundo baseada nos valores éticos, na transparência pública e na ética da
política. Tenho compromisso político com meu Brasil, com minha querida Bahia,
na perspectiva de efetivar mudanças políticas necessárias para democratizar a
democracia. Portanto, seguirei a orientação do meu partido sempre que houver a
coerência política com o programa apresentado à sociedade e com os projetos que
tenham compromissos em garantir os direitos da população e o desenvolvimento
sustentável da Bahia.
4. Como a senhora avalia a política de
acessibilidade no estado e quais suas propostas para garantir os direitos das
pessoas com deficiência?
A política de acessibilidade no estado da Bahia é muito deficitária e
precária, tanto para a pessoa com deficiência, como a mobilidade reduzida. Não
há segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, equipamentos
urbanos, edificações, serviços de transporte, meios de comunicação e
informação.
Em abril deste ano houve um encontro internacional, em Salvador, um
debate mais aprofundado sobre as questões relativas à acessibilidade e
mobilidade nos centros históricos e suas possíveis soluções. Uma discussão que
espero resultados efetivos e políticas eficazes, para garantir o direito de ir
e vir de qualquer cidadão.
Estando como deputada estadual, lutarei pela presença de intérprete na
ALBA, pois pessoas com deficiência auditiva hoje, têm o direito violado, e não
interagem com o debate público, nos plenários de discussão e votação.
No que se refere à educação, o Brasil é signatário
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência nas Nações Unidas,
mas ainda infringe o direito de 22% da população em idade escolar, com algum
tipo de deficiência, estar matriculado na rede de ensino. Esta será uma ação
prioritária do mandato, analisar o número de pessoas, na Bahia, que fazem parte
desta estatística e tornar o estado responsável pela inclusão dos mesmos, para
que todos possam usufruir dos seus direitos fundamentais e se tornem
protagonistas de suas vidas.
Atualmente, a capital baiana possui 6.996 táxis
comuns e outros 240 especiais. Há um decreto municipal em
andamento para aumentar este número para 5%
da frota. Ampliaremos este debate sobre os transportes especiais, para garantir
mais qualidade de vida para esta população. O mandato estará atento ao debate
nestas perspectivas, com responsabilidade social para o enfrentamento às
violações dos direitos dos cidadãos.
5. Os empreendimentos de Economia Solidária se
queixam da burocracia para a formalização e da alta carga tributára, muitas
vezes, superior a de empresas privadas. A senhora defende uma flexibilização
nas leis de formalização desses grupos e isenção ou redução fiscal?
A aprovação da Lei Estadual de Economia
Solidária foi um avanço do setor, mas ainda há muito a fazer na perspectiva das
políticas voltadas para esta questão. As empresas brasileiras não só pagam
muitos impostos, como também gastam muitos recursos para cumprir suas
obrigações fiscais. Os empreendimentos da economia solidária precisam sim de
flexibilização nas leis, isenção de ICMS, simplificação de impostos e a
garantia que o PNAE, no âmbito do estado, seja executado, ao menos os 30%
previstos em lei para a Economia Solidária.
É fundamental investir na criação de armazéns
regionais da Agricultura Familiar e Economia Solidária, gerido pela sociedade
civil, para facilitar a comercialização em rede. São ações que já estão em
debate, que precisam simplificar a estrutura tributária, reduzindo o número de
impostos e tornando os processos menos burocráticos; fundamental debater a
implementação e fomento de mais bancos comunitários para implementar projetos e
ativar a economia solidária. Meu mandato vai incentivar e fomentar a
implementação de cooperativas para impulsionar o desenvolvimento econômico nas
comunidades.
6. É a favor ou contra leis que combatam à homofobia?
No Artigo 1˚ da Declaração Universal dos Direitos
Humanos reza que: "Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em
relação a uns e aos outros com espírito de fraternidade”. Portanto, se há
violação de algum direito, é preciso ter instrumentos a serviço da defesa e garantir
os direitos humanos para todos os cidadãos. Sim, sou a favor de leis que
combatam a homofobia e que estejam estrategicamente explicitadas na promoção e
na proteção de direitos humanos, de todos os grupos vulnerabilizados, na
realização dos seus direitos humanos.
7. Como enxerga a segurança pública do estado? Como
se posiciona em relação à violência policial e a ações como a do caso Geovane?
A Bahia é o 5º estado mais desigual e tem 4,5
milhões sem ensino básico, segundo o IBGE/2012. Esse cenário reforça a
presença de um estado indutor de violência, marcado pela exclusão e grandes
desigualdades sociais. As vítimas de homicídios são, na sua maioria, os jovens,
negros e de menor renda. A violência policial no caso "Geovane" foi
mais uma demonstração da brutalidade e incapacidade da polícia em lidar com
abordagens responsáveis e com humanização, pois, independente de qualquer
delito cometido, a pessoa tem direito à vida. O artigo 3˚ da declaração dos
Direitos Humanos afirma que "Todo homem tem direito à vida, à liberdade e
à segurança pessoal".
O governo estadual precisa sincronizar estratégias
de prevenção à intervenção qualificada, para, em primeiro lugar, proteger o
cidadão. Queremos uma segurança pública estruturada, com foco em ações
responsáveis de inteligência, informação e tecnologia. A violência policial,
inevitavelmente, gera as mais graves violações aos direitos humanos e à
cidadania, que são elementos inerentes ao regime democrático.
8. Em uma eventual disputa por áreas entre
indígenas e produtores rurais, como a que ocorre em Buerarema, de que lado a
senhora se posicionaria? Como enxerga essas disputas?
Os povos indígenas são as nossas maiores riquezas e merecem toda a
atenção dos poderes públicos. A constituição brasileira prevê a garantia dos
territórios dos povos indígenas, mas isso ainda não ocorreu totalmente. A
questão não é estar ao lado de um ou do outro, mas o fundamental é solucionar
os problemas de forma estrutural, numa perspectiva a contemplar os direitos de
ambas as partes.
Evidente que o conflito existente em Buerarema e em
qualquer outro local é uma disputa que desagrega a convivência entre os
produtores rurais, a comunidade e os índios; a violência não é saudável para
nenhuma das partes, mas a disputa não será resolvida, se não houver uma
intervenção com mecanismos de gestão de conflitos, que venha finalizar a
demarcação das terras indígenas.
A garantia dos povos e comunidades tradicionais
deve estar vinculada ao respeito às diferentes manifestações culturais e formas
de viver, associada ao direito à terra e territórios. Portanto, o cenário
requer mais gestão e força política para enfrentar os conflitos.
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