Comprometidos com a valorização da política, da democracia e da compreensão das necessidades e demandas da sociedade brasileira José Carlos Kizumba, Thiago Ferreira e Mailson Ramos, blogueiros e produtores de conteúdo, uniram seus sites com o intuito de entrevistar os candidatos aos cargos eletivos para o governo do Estado da Bahia, ao senado e a deputado estadual e federal. Foram enviadas perguntas para as assessorias de todos os partidos em disputa e as respostas serão gradativamente publicadas até o dia da eleição.
O Blog do Kizumba, Pitacos do Manuca e Opinião & Contexto por suas características análogas em relação à publicação de artigos dos seus criadores e administradores resolveram criar uma rede de integração para divulgar as entrevistas e futuramente amplificar o relacionamento dos sites e das propostas de seus idealizadores. A Rede Blogs está no ar, tendo como principal objetivo democratizar o espaço de divulgação de propostas de todos os candidatos baianos, sem discriminação e com garantia de mesmo espaço para todos e, assim também contribuir para o eleitorado se informar e fazer a escolha que lhe for conveniente.
Seguimos em frente discutindo as demandas da sociedade brasileira e desempenhando, mesmo que em pequenas proporções, o nosso dever de cidadania.
1. Quais os pontos positivos e negativos, o(a) senhor(a) destacaria dos
8 anos de governo Wagner?
Rodrigo Hita - A principal vantagem
foi a mudança de postura no tratamento político com os diversas esferas de
poder do estado. As relações do governo com o judiciário, a assembléia, as
prefeituras, os Movimentos Sociais, e a sociedade como um todo, se dá num
patamar de muito mais respeito do que se dava antes. A sensação é que antes não
existia respeito às instituições democráticas no estado.
Além disso, é inegável o salto
qualitativo que o estado deu em investimento na estrutura. Como exemplo, cito o
forte investimento na recuperação e construção de novas estradas, e a
construção, ainda deficitária, mas já um avanço, de novos hospitais, em
especial no interior do estado.
Como pontos negativos, ressalto a
dificuldade no diálogo com os servidores públicos, que resultou inclusive em
três greves marcantes; a política de educação do estado, que avançou pouco; a
falta de uma estratégia clara na segurança pública, que resultou num aumento
expressivo tanto na criminalidade, quanto no número de mortes no estado; e por
fim, a falta de criatividade do governo em produzir políticas públicas
próprias, muitas vezes parecendo um gerente das políticas do governo federal.
2. Como o(a) senhor(a) avalia a política de cultura no Estado, sobretudo
ligado ao audiovisual? Como o seu mandato pode contribuir para ampliar a
produção e acesso a bens culturais, e o reconhecimento da cultura como modo de
vida?
O estado ainda investe muito pouco em
cultura. Através da nossa Senadora Lídice da Mata, temos defendido aumentar
para 1,5% do PIB o investimento em cultura no país, e 1,5% do orçamento do
estado. Tenho uma visão da cultura como instrumento de valorização e
transformação social, e pretendo ser na assembléia um dos interlocutores e
defensores da política dos pontos de cultura.
Defendo também o incentivo à
identificação de potencialidades e capacitação de nossos jovens na chamada
economia criativa desde a escola. Isso só será possível em sua plenitude com
escola em tempo integral.
Além disto, na área do audiovisual,
passos importantes foram dados, mas a Bahia ainda está mal situada
nacionalmente, e inclusive regionalmente. Hoje a Bahia forma bons atores mas
ainda tem uma produção audiovisual frágil. Além de defender a abertura de novos
editais com uma visão mais moderna da área, defendemos a valorização do Irdeb,
que voltando para a secretaria de cultura, e buscando uma autonomia financeira
maior, pode vir a ser tornar um parceiro de fato importante para a produção
audiovisual no estado.
Por fim, acho que o investimento nos
festivais de cultura nas diversas regiões do estado, tem ajudado a fortalecer e
divulgar a cultura das nossas diversas regiões e a promover uma maior
integração. Sendo assim, pretendo aprofundar a política de incentivo a eles.
3. As relações partidárias costumam ser previsíveis, com partidos de
oposição votando contra o Governo e os de situação votando a favor, mesmo que
determinado voto contradiga a história política do parlamentar. O(a) senhor(a)
pretende agir com independência ou seguir a orientação partidária nas votações?
Qual o limite da sua autonomia em relação ao seu partido?
Tenho minha trajetória construída
juntos aos movimentos sociais do estado, sempre lutando com o meu partido para
fortalecer as pautas dos trabalhadores. Meu partido tem uma história de
respeito e lealdade aos interesses do povo da Bahia, e não me lembro de um
episódio em que a posição do partido nas lutas do estado não tenham sido motivo
de orgulho para mim.
O PSB, no entanto, busca ter uma
posição coerente com a sua história nas votações de temas importantes na
Assembléia, não sendo cegamente governista, nem cegamente oposicionista.
Acredito na organização através dos
partidos políticos, acredito na importância dos partidos para a democracia, e
acredito no partido que ajudo a construir.
4. Como você avalia a política de acessibilidade no Estado e quais suas
propostas para garantir os direitos das pessoas com deficiência?
Acompanho com muita atenção a luta
por acessibilidade e inclusão dos portadores de necessidades especiais em nosso
estado. Acredito que ainda falta muito a ser feito neste sentido, para garantir
a cidadania plena a essas pessoas. Faltam escolas especializadas, preparação
dos agentes públicos, acessibilidade em prédios públicos, e muitas coisas que
se sucedem a estas políticas. No PSB temos lideranças importantes do
estado construindo este debate, como Milton Bezerra, Luiza Câmara e João
Prazeres. Além deles, temos também o exemplo do nosso Deputado Federal,
Romário, que tem liderado as discussões sobre o tema no congresso.
Tenho buscado me somar a todo este
debate, e pretendo lutar pela implementação de uma rede de escolas
"bilíngües" (onde se ensine também em libras e braile) para que os
estudantes portadores destes tipos de necessidade possam se desenvolver integrados
ao ambiente em que os demais estudantes convivem.
5. Os empreendimentos de Economia Solidária se queixam da burocracia
para a formalização e da alta carga tributária, muitas vezes, superior a de
empresas privadas. O(a) senhor(a) defende uma flexibilização nas leis de
formalização desses grupos e isenção ou redução fiscal?
A criação de uma superintendência
para desenvolver o tema no estado, foi também um avanço nesse último governo,
assim como uma lei específica voltada para o tema. Vejo as iniciativas dos
empreendimentos solidários como uma alternativa importante para o desenvolvimento
da economia das nossas cidades. Creio que qualquer medida que venha a
incentivá-los e a desburocratizá-los, será bem vinda, em especial as políticas
de redução fiscal.
6. É a favor ou contra leis que combatam à homofobia?
Completamente favorável. É
inaceitável que em pleno século XXI ainda tenhamos exemplos de ódio e
intolerância na nossa sociedade. Falar numa sociedade livre e democrática, é
reconhecer, respeitar e fortalecer as nossas diversidades, sejam de credo, de
raça, de sexualidade, ou qualquer outra.
Acredito que devemos não só
estabelecer leis que punam a intolerância, como continuar lutando para ampliar
os direitos da comunidade LGBT na Bahia e no Brasil.
7. Como enxerga a segurança pública do Estado? Como se posiciona em
relação à violência policial e a ações como a do caso Geovane?
Precisamos mudar muita coisa na área
de segurança. Nossa candidata ao governo, a Senadora Lídice da Mata, tem dito
claramente que na opinião dos socialistas, devemos seguir o exemplo
pernambucano do "pacto pela vida", compreendendo que falar em
segurança publica não é só falar em ação policial, mas numa série de políticas
publicas integradas, que visem a inclusão social .
Precisamos preparar melhor os nossos
policiais, e valorizar mais a carreira. É inadmissível que abordagens
truculentas como a do "caso Geovane" ainda sejam bastante comuns no
nosso estado refletem também em muitos casos o despreparo do policial. Hoje
temos uma polícia mais preocupada em separar o rico do pobre, que em estabelecer
uma cultura de paz. O resultado disso é o extermínio da nossa juventude.
Enxergo a desmilitarização como um
caminho possível, mas não o único, visto que o tema é de uma complexidade
grande. No entanto, o debate sobre a segurança será prioritário para estabelecermos
uma nova cultura de paz na Bahia.
8. Em uma eventual disputa por áreas entre indígenas e produtores
rurais, como a que ocorre em Buerarema, de que lado o(a) senhor(a) se
posicionaria? Como enxerga essas disputas?
A maioria dos casos de demarcação de
terras indígenas no país que ainda não foram julgados, são justamente por que
incluem uma complexidade maior. Não acredito que seja possível analisar todos
os casos ainda não julgados pelo mesmo viés, pois todos eles tem
especificidades importantes. O caso de Buerarema é um marco neste sentido por
vários motivos. Basicamente, segundo a nossa constituição trata-se um conflito
entre direitos fundamentais, onde ambos os lados possuem legitimidade no
processo. Portanto, sem duvida, a solução tende a surgir de uma decisão
refletida com base na ponderação. Grande parte da Área reivindicada é urbana,
além de muitos empreendimentos de pequeno e grande porte, bem como famílias de
pequenos e grandes agricultores se estabeleceram há muitos anos na região.
Acredito que meu papel como deputado
estadual deva ser lutar para que a segurança da população, indígena e
não-indigena esteja garantida. A preocupação central portanto, em primeiro
lugar, deve ser para que o conflito que tramita na justiça não seja acompanhado
de conflitos bélicos, como algumas vezes tem acontecido. Além disso, acredito
que o estado precisa garantir que nenhum dos envolvidos seja prejudicado com a
demarcação, e que a própria demarcação da terra, quando ocorrer, possa
contribuir também para economia da região, também capacitando os cidadãos
indígenas para tal.
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