terça-feira, 2 de julho de 2013

Mídia e Política (parte 02/03)

"Partido da Imprensa Golpista"

Além desses meios terem assumidamente apoiado o golpe militar de 1964, mantido um relacionamento próximo e suspeito com os presidentes durante o regime, o que se percebe é que a parcialidade política também permaneceu após o término da ditadura. O apoio ao PSDB e sobretudo o anti-petismo é notório, quando não explícito.
Alguns episódios são marcantes na história da Rede Globo, como a edição no debate presidencial de 1990 que beneficiou Collor no embate contra Lula, dentre outros acontecimentos que serão apresentados mais abaixo.
Já o Estadão, recentemente se posicionou oficialmente sobre a tendência política que mais se aproxima. Em 2010, durante as eleições presidenciais, em seu editorial intitulado “O mal a ser evitado”, o jornal assumiu apoio ao candidato José Serra (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT), baseando seus argumentos em ataques pessoais ao ex-presidente Lula. 

Já a Veja possui capas de suas revistas que falam por si só e deixam visíveis a sua tendência política:


1. Veja 1360 – outubro de 1994. Última publicação antes das eleições presidenciais de 1994, envolvendo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT).
2. Veja 1475 – dezembro de 1996. A publicação traz elogios à política econômica de FHC, considerado milagroso e fazendo alusão ao “milagre econômico” do período da ditadura militar.
3. Veja 1549 – junho de 1998. Na capa, João Pedro Stédile, dirigente do MST.
4. Veja 1752 – maio de 2002. Ano de eleição presidencial.
5. Veja 1774 – outubro de 2002. Véspera das eleições presidenciais.
6. Veja 1842 – fevereiro de 2004.
7. Veja 1867 – agosto de 2004.
8. Veja 1889 – janeiro de 2005.
9. Veja 1917 – agosto de 2005.
10. Veja 1918 – agosto de 2005.
11. Veja 1923 – setembro de 2005.
12. Veja 1955 – maio de 2006.
13. Veja 2161 – abril de 2010. Ano de eleição presidencial.
14. Veja 2186 – outubro de 2010. Mês de eleição presidencial.
15. Veja 2187 – outubro de 2010. Véspera de eleição presidencial.

Esse alinhamento partidário praticado pelos grupos Globo, Abril, Folha e Estadão e a oposição ao PT fez nascer a expressão “PIG – Partido da Imprensa Golpista”. Termo bastante comum na blogosfera, ele é originário da ideia de que tais meios de comunicação se comportam como partidos políticos, que utilizam seu poder midiático para agir em torno de interesses partidários.
A criação da sigla “PIG” é atribuída ao deputado pernambucano Fernando Ferro (PT), que em um de seus discursos teria usado a expressão pela primeira vez, para se referir aos principais meios de comunicação que, segundo ele, faziam oposição velada ao PT. Em seguida, esse termo foi adotado por blogueiros e foi principalmente difundido pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, através de seu blog Conversa Afiada. Aos poucos o seu uso se tornou habitual por aqueles que criticam os principais grupos midiáticos do país e a imprensa dita conservadora.
Em entrevista concedida ao portal Bahia Todo Dia, Paulo Henrique Amorim definiu o “PIG” da seguinte forma:
BAHIA TODO DIA - Paulo, o que é o PIG?
Paulo Henrique Amorim –  O PIG é o Partido da Imprensa Golpista. É o partido que deu o tiro no peito do [Getúlio] Vargas, tentou impedir a posse do Juscelino Kubitschek, porque o Juscelino tinha como vice o Jango [João Goulart], que era o herdeiro político de Vargas. O PIG ajudou a derrubar o Jango. O PIG saudou o golpe de 1964 como 'A ressurreição da Democracia', foi esse o título do Editorial de O Globo no dia 2 de abril daquele ano. O PIG governou o Brasil com os militares. A Globo é resultado do governo militar. Ela serviu ao governo militar, e o governo militar a serviu. O PIG é o Partido da Imprensa Golpista que tentou impedir a posse de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, em 1982. O PIG tentou derrubar o Lula desde o primeiro dia do seu governo até o último. E agora o PIG tenta derrubar a Dilma. Esse é o PIG.

BTD - Como o PIG funciona na prática?
PHA - O PIG é o Globo, a Folha, o Estadão e todos os produtos que deles derivam: os portais da internet, as rádios, as editoras, as revistas [...] Eu não ponho a Veja nesse grupo porque ela não é uma publicação. A Veja, em minha opinião, que sou uma pessoa litorânea, nasci no Rio de Janeiro e conheço esse fenômeno muito bem, é um detrito de maré baixa.

Referências:

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